O prefil do profissional de design no mercado de trabalho.

Pesquisa avançada por Ophir Ribeiro de Sá Junior para Gestão Empresarial do Design pelo Centro Universitário de Belas Artes de São Paulo.

Muitas são as bibliografias que trazem esta questão com outra abordagem, mas que na verdade apontam as dificuldades desta relação. “A importância do design para sua empresa” — elaborado pela CNI, COMPJ, SENAI/DR, RJ, “…que tem como objetivo contribuir para que as empresas estejam mais informadas sobre os potenciais benefícios e aplicações do design e decidam pela maior utilização em suas atividades…” traz claramente a dificuldade dos empresários em compreender o “papel” do design, inclusive com uma linguagem didática e esclarecedora dirigida a qualquer público, mesmo os mais leigos no assunto design.

Outro ponto muito importante, que identifica esta carência é citado por Strunck em seu livro “Viver de design”, onde é apresentado “O caçador e o fazendeiro”. Esta apresentação ilustra a necessidade do trabalho de um desenvolvedor (gestor) em design dentro de um escritório e de uma outra “figura”, o comercial, que tem o foco na busca dos clientes, sendo este segundo uma peça estratégica para que o negócio “design” funcione.

Dessa forma, a proposta desse estudo é formar uma imagem da relação entre o design e os empresários, apresentando o posicionamento atual dos profissionais de design perante as empresas, seja ele contratado ou prestador de serviços, e qual é a percepção que os empresários têm da categoria.

Como as bibliografias não convergem apontando claramente a situação atual do mercado, e nas opiniões de diversos autores a relação/posicionamento do profissional do design é somente comentada, realizou-se uma pesquisa qualitativa para verificar na prática como é visto o design pelos profissionais da área e qual a situação atual. Estes pontos serão explorados nas páginas seguintes, mas uma realidade é a presença do design no mundo empresarial, cada vez mais como estratégia para as empresas; em eventos, associados ao marketing e no dia-a-dia. As feiras de negócios são as maiores provas de força da gestão do design, desde o projeto de stands às estratégias de aproximação dos clientes com os produtos, passando pelo uso da imagem e posicionamento frente a concorrência.

Ana Luisa Escorel, designer com projeção internacional, forte atuação no meio acadêmico e com diversas matérias publicadas em diversos veículos, como Folha de São Paulo, autora do livro “Efeito Multiplicador do Design”, apresenta sempre uma visão crítica sobre o design.

Segundo ela, é comum que o campo do design seja invadido por outras áreas, como o marketing, por exemplo. Isto ocorre porque um projeto de design nunca está em uma “linha reta que conduz o profissional do conceito à fabricação.”

O interesse financeiro, comprometido com as vendas, em muitos casos é a direção do trabalho, deixando-se de atender as ” necessidades específicas a serem abordadas por meio das metodologias de projeto, próprias do design “. A criação acaba por atender ao gosto do cliente; dificilmente a decisão será definida por quem vai consumi-la, ou com base na visão do consumidor, que é geralmente de onde nasceu o trabalho e de onde se busca os conceitos.

Outra dificuldade é que as questões culturais no Brasil também regem o posicionamento do design, em comparação a Europa, América do Norte e Japão. O marketing também é trabalhado estrategicamente, mas a diferença é que seu domínio é muito mais limitado. Isso favorece a atuação do design. Na Europa, folhetos de materiais promocionais que promovem por exemplo, eventos ligados a dança, shows culturais, campanhas educativas, não podem ser explorados comercialmente como é feito no Brasil; empresas não podem aplicar seus logotipos ligando o evento a sua marca, com o objetivo de promoção comercial. Este tipo de evento é tratado como cultural e toda a criação é definida com este conceito, sem a necessidade de fiscalizações, pois a cultura é respeitada.

Como no Brasil não existe esta reserva, este mercado cultural é visto como oportunidade de negócio, sendo coordenado já com fins de divulgação e a criação direcionada de forma comercial. “Não há imaginação gráfica que vença o teste desse exagero’. “engajamento à ideia de que todo espaço deve ser concebido como espaço de venda. “

Em meio a este cenário de influências e influenciados, de domínio e dominados, o design fica perdido entre os conceitos (seu ideal) e o capitalismo, como agravante para o fortalecimento da categoria, que é justamente a que categoria pertencer. Se design não é ciência, não é arte nem artesanato, não possui estrutura multidisciplinar nem pode se configurar como técnica de vendas, o que vem a ser design em suma?

Como se tornou bastante evidente desde meados de 1963, data da fundação da ESDI — Escola Superior de Desenho Industrial., e da introdução sistemática do design no Brasil, as razões dessa resistência que se observa em relação a eles são, primordialmente, de origem cultural. Talvez seja pedir muito de um país, que insiste em valorizar a improvisação, a malandragem, o artesanal e o uso leviano da palavra OCA, que compreenda a disciplina precisa da atividade de projeto aplicada à produção industrial ou pós-industrial e passe a se interessar por essa forma de expressão…

O design no Brasil ainda não tem tradição, sofre com pouco apoio do Estado, tendo as consequências do seu mal posicionamento, mas ainda se fortalece como ferramenta de venda, poderia ser visto como força estratégica melhorando o bem estar social.

A partir dessas considerações, pretende-se, com esta monografia avaliar a relação entre empresários e profissionais do design, com uma visão da tendência da gestão do design.

Para essa avaliação serão verificadas e confrontadas diversas visões de autores em relação ao tema, será apresentada a imagem da relação, evitando-se conceituações técnicas, será identificada a “problemática” da comunicação, e a evolução do design para a gestão do design.

1. DESIGN: DA PRÁTICA À GESTÃO

então desse período até os dias contemporâneos, a definição do que é Design vem sendo apresentada com os mais diversos focos.

Segundo André Villas-Boas, o Design está muito além do conceito forma/função. Deve ser definido pela ótica de quem o faz. Ainda pelas considerações de Villas-Boas o design não é somente uma situação de combinações, é necessária uma visão holística, além do entendimento processual para construí10.

Em se tratando do design gráfico, mais especificamente, pela visão da ADG (Associação dos Designers Gráficos), iniciou-se um desregramento em meados da década de 1980, acentuando-se nos anos 1990 com a chegada do computador. Com esta “nova” tecnologia a atuação do design começa a se ampliar a partir da apresentação de novas proposições tais como: Sobreposição de textos, de imagens, de textos e imagens, misturas de famílias tipográficas e uma série de outras novidades.

Frente a estas novas possibilidades a atividade do design passam a atender não mais somente a criação de fachadas, logotipos e marcas e começa a ter envolvimento maior com as áreas de marketing, participando ativamente em pesquisas, já apresentando um perfil mais próximo da gestão.

Segundo parecer de Alexandre Wollner, o design é uma profissão que deve apresentar equilíbrio entre a arte e a técnica, o suficiente para não se aproximar da arte propriamente dita e nem da engenharia. Ainda na visão de Wollner o design no Brasil não depende somente do profissional, mas principalmente de investimentos e de credibilidade: o empresário precisa apostar no nosso design.

E uma profissão interdisciplinar, que usa como base diversas áreas do conhecimento, entre elas: arquitetura, artes plásticas e comunicação social no desenvolvimento de um projeto, onde deve existir o envolvimento do profissional (designer) com o ciclo que envolve o “produto”, conhecendo-se também a quem se destina, qual o envolvimento para uso, a relação física/emotiva, o perfil do cliente e as etapas de produção. Em todos os âmbitos as expectativas devem ser atendidas e superadas.

Confrontando-se essas definições, concluímos que, basicamente o Design constitui-se na aplicação de valores ao produto, conceituando, atendendo as necessidades de mercado, inovando e/ou apresentando tendências.

De acordo com essa nova visão do design, fica clara a sua relação com a gestão empresarial. O design pode e deve ser visto como estratégico, sendo aplicado da cadeia de produção até o consumidor final, se fazendo presente nos estudos de processos produtivos, contribuindo com sua otimização.

Nem sempre o design apresenta uma solução gráfica:

  • Um produto que durante seu transporte sofre agressões (manuseio, empilhamento, condições climáticas) que podem danificá-lo; por meio de um processo apoiado pelo design, pode-se chegar a uma solução como um calço e reforço na embalagem, que solucione este incômodo colaborando com a melhoria do produto, consequentemente com a imagem da empresa, com o setor de garantia e alterando uma cadeia de produção de forma benéfica para a empresa.
  • Já na outra “ponta” da cadeia produtiva, existe um ponto de venda; um projeto bem elaborado de embalagem (comunicação visual/projeto de produto) melhora a apresentação, destacando a empresa da concorrência, ajudando no estoque da loja. Este trabalho que envolve o design, com o apoio de estratégias de marketing como promoção de vendas e campanhas de mídia, gera aumento de receita. Nos pontos de venda são “travadas” as grandes “guerras” de disputa pela preferência do consumidor, principalmente quando a compra é por impulso.

Embora estes exemplos tenham seu eixo de desenvolvimento no design, são aplicados pela gestão empresarial e ainda são vistos e entendidos pelos empresários como ações de marketing.

Por outro lado, o profissional que trabalha com uma atividade relacionada a criação se intitula Designer. Essa situação cria uma confusão para o público leigo, dificultando a compreensão sobre o que é de fato o design. Há também um número crescente de profissionais das mais diversas áreas que se posicionam como designers, alguns sem qualificação, prejudicando a categoria como um todo.

No mercado pode-se encontrar arquitetos designers, artistas plásticos designers, e ainda uma categoria chamada micreiro.

O Designer como profissional atua compondo e contribuindo com o desenvolvimento de produtos, de mensagens (logotipos, padrão de identidade, comunicação) e de empresas (posicionamento estratégico, apresentação consistente durante períodos de tempo, solidificação de marca). O Designer reúne as informações, transforma-as e materializa uma idéia.

A situação fica mais grave porque a cada dia a atuação do designer (formado para tal) se amplia, confirmando o que alguns chamam de “boom” do design. Esta situação coloca o design na moda, fazendo com que vários queiram tirar proveito da visibilidade que a profissão começa a ter.

Entre a “problemática” e a “solução” existe uma distância: o Designer atua neste espaço. A questão é que este profissional tem seu potencial direcionado para a criatividade, com base nas informações que lhe são apresentadas e com as pesquisas realizadas no início do processo.

O trabalho do Designer na busca da “solução”, na realidade, é parte de um processo, muito maior, e este processo deve ser trabalhado como um todo; inicia-se na “problemática”, atinge o mercado, envolve uma produção, relaciona-se com custos, busca estratégias aliadas a Marketing. Novamente é encontrada a questão multidisciplinar.

O profissional que conduz e organiza os processos utilizando o design como ferramenta é o Gestor do design, profissional que envolve as áreas conduzindo o projeto com a visão ampla, e buscando os profissionais (agências, designers, engenheiros, administradores, etc.) que se fizerem necessários para a realização do projeto. O gestor do design é a pessoa “chave” no processo, responsável pela sua condução desde a concepção até o controle dos resultados pós-implantação de uma “solução”. É de responsabilidade deste profissional o fluxo de informações, pesquisas, reuniões, viabilidade, execução, cronograma, recursos e definições. Desta forma o gestor do design pode atuar no mercado dentro de agências de propaganda, em instituições financeiras, no comércio, na indústria… está presente em todos os campos.

Para este estudo o pesquisador limita a abordagem à gestão do design e o design dentro da indústria, no segmento SUPRIMENTOS DE INFORMÁTICA, por se tratar de sua área de atuação, sendo o principal foco a avaliação da categoria design.

2. O MERCADO DE INFORMÁTICA

2.1 A HISTÓRIA

Na história da indústria gráfica em meados do século XV, o alemão Johanes Gutemberg produziu um pequeno invento, que causou uma revolução para a época: o tipo móvel, uma espécie de carimbo que permite imprimir uma letra sobre o papel — até então, os livros eram escritos a mão.

Desde este marco na história, este segmento já evoluiu muito. Apenas para se mencionar outros marcos nesse processo tem-se: a máquina de escrever, o computador (1946), PC (1981), fibra ótica, internet (década de 90). O mundo passa por transformações aceleradas, num processo constante e evolutivo, muito mais veloz do que no período imediatamente posterior ao marco de Gutemberg.

O desenvolvimento tecnológico ocorre, em princípio a serviço de uma vida melhor, onde as necessidades humanas são atendidas por processadores devidamente ajustados para isso. Nesse contexto é importante saber conviver bem com as máquinas sem se tornar um escravo delas.

espaço nas corporações, principalmente aquelas que não tinham dinheiro e nem a necessidade do trabalho com uma grande máquina; o próximo passo foi a entrada do equipamento nas residências.

Outro salto foi a internet, que começou com a Guerra Fria, criada pelo governo dos Estados Unidos. Nos anos 60, o departamento de defesa americano criou uma rede de computadores com a finalidade de pesquisar novas formas de comunicação. Seu objetivo era ter uma rede que resistisse a ataques do inimigo, surgiu então a Arpanet, o embrião da internet. Mesmo que uma base fosse totalmente destruída, a rede de comunicação permaneceria. Com a evolução deste sistema em 21 de novembro de 1969 foi trocada a primeira mensagem eletrônica pela Arpanet, entre a Universidade da Califórnia e o Instituto de Pesquisas de Stanford.

Em meados dos anos 90, estimava-se em cerca de 50 milhões o total de usuários de PCs, já conectados na internet em todo o mundo. A partir de então o crescimento tem sido constante: em 1996 0 crescimento mensal chegou a superar a marca de 20%, com mais de 150 países conectados. Se os números impressionam, o mercado apresenta ainda hoje uma reação à globalização; a partir do desenvolvimento da internet a concorrência deixa de ser local passando a ser global, trazendo para cada indivíduo, a necessidade crescente de especialização. Hoje o Brasil compete com o mundo.

2.2 SEGMENTAÇÃO

Como parte desse processo de globalização, o mercado de produtos e subprodutos de informática, devido à grande velocidade de expansão, está segmentado entre milhares de categorias (softwares, hardwares, prestação de serviços, redes e etc…). No caso de suprimentos de informática, foco central desse estudo, o cenário atual no Brasil ainda mostra expansão tecnológica. Tudo que é conectado a um computador fica classificado como suprimento, mesmo que o produto seja um acessório. Uma webcam, por exemplo, é um produto com características próprias, e realmente é um acessório de informática, mas para classificação no mercado de informática a webcam é classificada na categoria de suprimentos de informática.

2.3 A DINÂMICA DO SEGMENTO DE INFORMÁTICA

O segmento de informática é uma “roda-viva”. Para acompanhamento deste setor as empresas se reinventam a cada dia, o mercado exige velocidade e táticas cada vez mais ousadas, sempre tendo como base a tecnologia e as “necessidades” do consumidor.

Segundo a revista “Gestão” da editora Leitura e Arte em sua edição de Dez/2005, na matéria “Invasão de lançamentos”, escrita por Maria Lucia Capella Botana, a indústria de informática enfrenta o desafio de ter um novo lançamento num espaço de tempo cada vez menor, mas o varejo procura o gerenciamento destes lançamentos.

Faz-se necessária a atuação de um gestor neste processo para buscar a real necessidade dos usuários e o que realmente é um diferencial neste mercado.

Fundamentando mais uma vez o papel do gestor, a mesma matéria ainda cita: ‘. o que se vê atualmente é a atuação da indústria brasileira instintivamente no mercado com intuitos mais táticos do que estratégicos… “

Segundo Chiavenato (1999) administrar constitui a maneira de utilizar os diversos recursos organizacionais (humanos, materiais, financeiros, de informação e tecnologia) para alcançar um objetivo. Administrar, em outras palavras, significa saber orientar um grupo de pessoas visando alcançar as metas pré-definidas para um crescimento e constante desenvolvimento. A gestão do design se mostra como um aliado na busca destes objetivos, e o segmento de informática precisa ser acompanhado constantemente.

Outro segmento que está diretamente relacionado à informática é o de imagem, que cada vez mais vem fazendo uso de meios eletrônicos para sua expansão.

A revista “FHOX” em sua edição de abril de 2004 publicou uma matéria com o tema: “Impressoras ampliam uso da fotografia”. Esta matéria apresentava os “medos” dos meios digitais que superam os convencionais no segmento imagem. A matéria apresentava também um equipamento com recursos digitais que imprime em mídias rígidas e flexíveis de até 162 cm de largura e até 4 cm de espessura, com secagem das imagens por meio de raios UV, o que garante a durabilidade da imagem impressa, mesmo exposta a ambientes externos. Estes entre outros exemplos devem ser analisados para a uma melhor compreensão do cenário de mercado que se forma atualmente. A imagem digital representa um impacto grande no mercado, pois as estruturas comerciais do setor hoje (2006) ainda são voltadas para atenderem a revelação de filmes, e o sistema convencional ainda resiste; com esse desenvolvimento de impressão a tendência é que o “negócio” como é estruturado hoje deixe de existir.

3. “CAMPO DE BATALHA”

Para estudo do design dentro do mercado de suprimentos de informática é importante o conhecimento de como está este mercado e como as empresas se relacionam com ele. Como referência, estudou-se o mercado para empresas de pequeno e médio porte e também o mercado de design no setor, visualizando o profissional de design como funcionário de uma organização ou como prestador de serviços.

Para definição dos parâmetros numéricos se faz necessário o entendimento do cenário do segmento de informática que se utiliza do design, e para isso temos como referência a pesquisa “O estágio atual da gestão do design na indústria brasileira”, desenvolvido pela CNI.

No gráfico são considerados somente suprimentos, não fazem parte destes números: Materiais elétricos de instalação e componentes eletrônicos.

Para lançamento de novos produtos, tanto o projeto gráfico como o projeto de produto devem ser empregados de forma a alinhar o produto ao mercado, atingindo o máximo potencial de comercialização, onde o design é um forte diferencial dentro deste segmento.

A cada dia é encontrado no mercado um novo modelo de mouse, com diferentes atributos como: sensor ótico, ergonomia, embalagem no formato blister (que apresenta melhor o produto, incentivando a compra), tecnologia wireless (sem fio), com sensibilidade de pontos a cada dia maior.

de produtos de informática lançâdos nos últimos

 
 

1 1 77

 
   

                                                                            1500

de informática lançados nos últimos dois anos — 2004-2005 (372), contra o número de produtos no mercado (1177).

Para acompanhar esta velocidade do lançamento de novos produtos no mercado, principalmente no segmento informática, que é atualizado a cada 03 meses, atualmente, o papel de um gestor do design se torna fundamental no posicionamento de uma marca. No caso de um gestor que seja funcionário (interno) o nível de exigência é ainda maior, incluindo a necessidade de alinhamento da comunicação e do posicionamento da empresa conforme os objetivos pretendidos.

A Gestão do design contribui no desenvolvimento de soluções para introdução de novos produtos relacionados à informática dentro do mercado brasileiro. Produtos podem ou não ter sinergia para ingressar.

Uma nova linha de webcam, por exemplo, contribui com o mix de produtos e eleva vendas de uma empresa se oferecer um diferencial no produto. Por outro lado, pode simplesmente determinar o fracasso do lançamento da linha se entrar no mercado para competir por preço. Este mercado já tem o domínio de algumas marcas, e tem sido trabalhado de maneira eficiente; por este motivo o diferencial é o marco para desenvolvimento da linha.

A gestão do design está direta ou indiretamente relacionada a este posicionamento. Mesmo que a visão empresarial defina este caso como estratégia de marketing, o fato do produto ter o design diferenciado já é diferencial, uma embalagem diferenciada oferece vantagem frente à concorrência. A gestão é presente e determinante neste exemplo.

4. EMPRESÁRIO COM DESIGN

Para que exista uma relação entre as partes é fundamental o conhecimento do perfil de cada uma delas, e dos mecanismos mais adequados para estabelecer a linha de comunicação. Para isso realizou-se um estudo por meio de entrevistas a empresários brasileiros que atuam com design. O objetivo foi identificar a imagem por eles percebida do que é design no meio corporativo, sua compreensão quanto ao papel do gestor do design, investigando se o diferencial que o profissional tem a oferecer está alinhado com as expectativas estratégicas do entrevistado. Após esta pesquisa pode-se perceber como está a visão do empresário em relação ao profissional do design, orientando o profissional de design pode trabalhar uma linha de comunicação mais eficaz.

Para complementar a formação da imagem do mercado em relação a profissão podem ser usados estudos de outras áreas que vem a contribuir, como por exemplo a pesquisa idealizada pela ADP (Associação dos Designers de Produto), e realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), detalhado neste capítulo.

4.1 MARKETING E DESIGN

Uma área totalmente relacionada e pode-se dizer integrada ao design é a área de Marketing e é nela que está apoiada esta fase do estudo. A ligação emocional do consumidor com o produto influi na decisão de compra, o ser humano tem necessidade natural de conexão com o outro, acaba participando e sendo aceito por meio da aquisição de produtos de consumo do grupo. O valor percebido está em acordo com o status pretendido. O design se apresenta interagindo com as estratégias de marketing. Tratando o design como um produto Philip Kotler (1998), indica o que considera as etapas de uma comunicação eficaz:

“Existem oito etapas no desenvolvimento de uma comunicação eficaz. O comunicador de marketing (1) deve identificar o público-alvo, (2) determinar os objetivos da comunicação, (3) elaborar a mensagem, (4) selecionar os canais de comunicação, (5) estabelecer o orçamento total de comunicação, (6) decidir sobre o mix de comunicação, (7) medir os resultados da comunicação e (8) gerenciar o processo de comunicação integrada de marketing. “

Transferindo este conceito e adaptando para a área de design, o papel do gestor mais uma vez é fundamental na aplicação do design. A comunicação, o planejamento, o pensamento estratégico são “obrigatórios” para uma gestão de sucesso em design.

Em junho/2006, foram apresentados em um evento de nome “CAFÉ COM DESIGN” os resultados da pesquisa idealizada pela ADP e realizada pela FGV., junto ao setor de equipamentos médico-odonto-hospitalares.

Com o foco em design de produtos – e mesmo o segmento sendo diferente do aqui pesquisado – os números desta pesquisam mostram um cenário atual, interessante e complementar para este estudo.

  • 146 Empresas contatadas, que representam 35% do setor;
  • Destes números 87% investem em design, e 13% não investem.
  • Das empresas que investem em design 95% declaram que a aplicação de design aumenta a competitividade;
  • Dentro deste índice de 95% foi apresentado que:

80% Aumentaram o faturamento;

85% Consideram design como investimento e não como custo;

90% Reconhecem o design como sendo estratégico;

10% Dizem que é limitado

  • Foi estabelecido um comparativo entre as empresas que reconhecem o design como sendo estratégico (90%) e as que dizem ser limitado (10%), abaixo este comparativo:

PESQUISADO O AUMENTO DA PARTICIPAÇÃO NO MERCADO

Importância Limitada: 75%

Importância Estratégica: 95,5%

Conclusão: O design posiciona melhor.

PESQUISADO O AUMENTO DA MARGEM DE LUCRO

Importância Limitada: 25%

Importância Estratégica: 68%

Conclusão: O design gera mais lucro.

PESQUISADO A MELHORA DA IMAGEM DA EMPRESA

Conclusão: O design melhora a imagem da empresa.

DENTRO DO GRUPO QUE CONSIDERAM O DESIGN ESTRATÉGICO

79% Declaram melhoria na qualidade dos produtos;

66% Aumento da produtividade;

55% redução de custos.

Conclusão: O design é mais do que aparência.

Conclusão da pesquisa com base nos números apresentados:

Design e inovação são os novos diferenciais competitivos.

Conclusão do pesquisador:

Os resultados da pesquisa apresentada reforçam que o reflexo do posicionamento da categoria permeia todos os segmentos e não somente o de suprimentos de informática, trata-se de uma questão da categoria design, sendo esta a provedora de melhorias na imagem, na estratégia, no posicionamento das empresas e produtos, desde que utilizado como gestão e não somente como operacional.

O design deve ser uma célula viva e ativa dentro da empresa, para que os resultados sejam visíveis.

5. PERFIL DO PROFISSIONAL DO DESIGN

Outro “personagem” tem seu papel que deve ser definido. Para isso foi necessária uma pesquisa, localizando-o, verificando como ele se posiciona no seu mercado, como está atuando, e até mesmo qual a definição aplicada a sua profissão.

Como resultado da pesquisa a maior dificuldade está justamente no posicionamento do profissional de design, conforme já mencionado. A “defesa” dessa categoria não é ensinada nas faculdades e nem nos cursos profissionalizantes, este é um ponto que diferencia a categoria das demais, e talvez a chave da questão esteja justamente neste ponto.

Esta situação é percebida dentro da categoria, e vai além das suas fronteiras. É observado o comportamento do gestor do design também no “Manual de gestión de diseño” publicado por DZ Centro de Diseño, onde no capítulo 4 item 2 “O labirinto do design” coloca:

“Já dissemos que o design é um tema complexo onde interage muita gente e confluem várias disciplinas. Todos os profissionais tendem a observar e a falar do produto, do respectivo ponto de vista: o designerjulga, em muitos casos, que o design começa e termina com ele próprio; o especialista em marketing considera o design uma disciplina subordinada às especificações do mercado; o engenheiro de produto considera tão importante a funcionalidade, precisão e prestações do mesmo que às vezes esquece outras contribuições.

Também não existe terreno propício na cultura empresarial quando apresenta algumas deficiências importantes:

  • Falta de orientação estratégica e, conseqiientemente, idéias pouco precisas sobre os produtos e mercados de interesse.
  • Defasagem do marketing a nível operacional e, dentro deste, concentração nas técnicas mais visíveis, geralmente relacionadas com a promoção e a publicidade. Em conseqiiência, há uma falta de aplicação do marketing como disciplina preocupada em conseguir oportunidades no mercado, assim como há, a nível operacional, uma deficiente apreciação do produto como variável de marketing. Como efeito, nota-se uma <<secura>> nas reflexões sobre o produto. Perante situações de crise, examina-se tudo antes de inovar o produto, de modo que uma alteração do mesmo ou o aparecimento de um novo produto é algo excepcional e pontual.
  • Concentração na eficácia produtiva, que fica desvirtuada quando é qualificada como a única arma concorrencial capaz de esconder uma orientação exclusiva dependente do custo.

Acrescente-se a isso uma utilização multifacetada do termo que provoca uma grande coufusão… “

Esta citação demonstra que a discussão sobre o posicionamento desse profissional está em todas as partes, sendo objeto de estudo em todo o mundo.

A evolução do profissional do design tem sido uma constante nos últimos anos. Com este desenvolvimento dentro da globalização, da evolução da informática, com o “modismo”…, começa a busca do trabalho além das pranchetas. A posição do gestor tornou-se a evolução natural deste profissional.

Do outro lado, o mercado vem buscando o designer e aplicando o design com mais intensidade. Cabe ao gestor do design alinhar este movimento dentro do segmento, buscando um posicionamento de gerência, de responsabilidade sobre o processo, deixando de ser um profissional executor passando a ser o elemento estratégico, seja na agência de propaganda, na indústria ou como autônomo.

Mesmo assim, ainda existe uma significativa dificuldade na assimilação da cultura do design no mercado brasileiro, Daniel Borchert Avalone (2004) em monografia de conclusão apresentou “uma análise crítica à comunicação do designer como profissional , mostrando a importância do uso de uma mensagem clara com o cliente e outros profissionais, sem que haja incoerência do significado dos termos próprios do designer quando referenciados a uma definição formal”.

A monografia de Avalone apresenta os resultados de uma pesquisa que contribuiu para confirmar a visão que se tem sobre o perfil do designer.

Foram pesquisados: 17 designers gráficos (quatro estudantes, cinco profissionais com menos de cinco anos no mercado e oito profissionais que atuam no mercado há mais de cinco anos); 4 publicitários comformação em publicidade e propaganda (quatro profissionais que atuam no mercado há mais de cinco anos em agências de publicidade); 7 arquitetos (dois profissionais com menos de cinco anos no mercado e cinco profissionais que atuam no mercado há mais de cinco anos — todos dos sete atuam diretamente no desenvolvimento de identidade visual, corporativa ou prestam serviços como designers gráficos); 6 diretores de arte (atuantes há mais de cinco anos no mercado, trabalhando em agências de propaganda nas áreas de vídeo, propaganda e impressos); 5 profissionais que são colunistas ativos em revistas impressas ou digitais ligadas ao meio.

Foi apresentado o seguinte resultado:

LIVROS OU PUBLICAÇOES

72%

5%

04

1)Busca no dicionário 2) Incorpora diretamente 3)Pesquisa formalmente 4) Se concordar incorpora 5) Verifica o significado

você PESQUISA, OU PESQUISOU, CONCEITOS

RELACIONADOS AO DESIGN NO BRASIL

13%

  • Sim 2) Não 3) Só quando necessário 4) Periodicamente

Discorda de termos adotados no Brasil

  • Sim, alguns não são claros 2) Sim, vários conflitantes 3) NÃO, nenhum

Tem dificuldades em definir conceitos do design

  1. Sim, pois não encontra definições claras 2) Sim, pois acha muitos conflitos 3) NÃO

Com base nos resultados dessa pesquisa, o pesquisador conclui que os profissionais relacionados a categoria design têm interesse na busca de informações e no estudo do design, se deparam com dificuldades da comunicação dentro da área; 69% discordam dos termos adotados no Brasil, 23% encontram vários termos conflitantes, estes números são indicadores de carência de definições e posicionamento na categoria design.

Outro gráfico aponta para a dificuldade em definir conceitos, sendo esta uma dificuldade instalada entre os profissionais do design, assim a imagem formada diante do empresariado brasileiro fica prejudicada, onde para a defesa de projetos se faz necessária a imersão do contratante no mundo do design antes de qualquer tomada de decisão. O impacto desta relação reflete no resultado do projeto conduzido.

Complementando as mtormaçôes obtidas pelas pesquisas de terceiros apresentadas, Jugou-se oportuno, nesta monografia, realizar uma nova pesquisa, o objetivo das pesquisas realizadas foi formar uma imagem da situação atual do design em ralação ao mercado de trabalho, trazendo a visão do empresário brasileiro sobre a profissão com resultados para avaliação qualitativa.

Foram elaborados dois questionários (em anexo) e enviados a 15 profissionais relacionados com o design e o segmento de informática.

Um questionário voltado para o designer responder, o outro com questões dirigidas ao empresário.

Retornaram respondidos 8 questionários.

Como o interesse da pesquisa foi coletar dados qualitativos, a pré-seleção para definição do perfil dos entrevistados utilizou como critério a relação de atuantes no mercado de trabalho com relacionamento direto com o design e com o empresariado; na grande maioria empresários que são designers ou possuem profundo conhecimento do design/comunicação. Este perfil foi definido para que a imagem do mercado fosse apresentada de forma atual e focada.

Todos os entrevistados foram informados pelo pesquisador dos objetivos da pesquisa e das restrições de uso das informações para única e exclusivamente fins acadêmicos. 

Segundo os resultados da pesquisa, o mercado tem se mostrado bastante promissor, embora ainda não suficientemente desenvolvido. Mas isso é um sinal de que ainda há muito espaço para desenvolvimento. Para o amadurecimento ainda faltam profissionalismo e organização.

O empresariado ainda não tem clareza da necessidade do profissional e ainda existe a confusão entre design, marketing e comunicação.

Hoje as agências de design contam principalmente com o “boca-a-boca”, ou seja, um cliente fica satisfeito com os serviços prestados e indica a novos clientes ” …Infelizmente não é a mesma dinâmica de vender um produto pronto.” (Eduardo Len — Len design)

O profissional do design tem se relacionado bem com o empresariado, mas pela falta de conhecimentos mais aprofundados sobre design dos empresários, e pelo posicionamento, ainda não formatado completamente, pelos designers ainda prevalece o “gosto-não gosto”, sendo que a solução nem sempre é exatamente o que o dono da empresa quer, e sim o que ele precisa. Um forte complicador é a questão dos projetos gráficos dependerem muito de análises subjetivas, e muitos empresários engenheiros, administradores seguem o raciocínio lógico.

O papel do design é apresentar reduções de custos, manifestar a personalidade da empresa e propor diferenciais dentro da concorrência. Com isso a gestão do design está vindo para “organizar” a estratégia e para que isso aconteça, faz o encadeamento de planejamento, projeto e programação. ” …na nossa realidade brasileira, gerir o design significa torná-lo possível” (Alexandre Suguimoto — ZAW COMUNICAÇÃO).

O design vem se posicionando cada vez mais com o conceito estratégico, e o mercado já descobriu que as propostas do design ajudam a vender mais. Mas é necessário mais do que isso, faltam ainda profissionais mais preparados para a diversificada demanda. Buscar as estruturas das empresas para reconhecimento como um departamento já é uma estratégia.

Por outro lado, o empresário brasileiro está deixando de visualizar o design como uma solução gráfica ou estética e está passando a entendê-lo como “resolução de problemas”. O ideal seria uma visão do empresário sobre o design como “uma solução integrada” — ” …Agora existe o mau design e o bom design, que dá para reconhecer no iPod, é o hotel Unique, é uma mesa de Izamu Noguchi. Você pode até não gostar, mas não passa impunimente por eles” (André Franco – GIZ PROPAGANDA).

O empresário identifica o profissional do design, mas ainda não reconhece a gestão, busca soluções operacionais, ficando assim o trabalho de gerir para uma liderança de marketing, ou ainda para o próprio empresário, que na maioria das vezes aplica a visão administrativa não considerando o suporte estratégico que o design pode oferecer. Com esta visão a busca por profissionais recém-formados é o grande foco das empresas, onde na realidade, os empresários buscam executores para suas idéias, ao invés de idealizadores. Neste ponto a qualificação da categoria já começa sem perspectiva de desenvolvimento. Quando o mercado apresenta barreiras cabe ao profissional quebrá-las, mas muitos diante delas, ficam sem direção ou acabam limitando seu trabalho a esta execução.

Por outro lado temos o profissional que sai da faculdade com a perfeita convicção de que design é trabalhar com criação, ou produzir lay-outs. Encontra um mercado aberto para este tipo de necessidade, com a mesma expectativa, e assim, o crescimento, a organização, o profissionalismo ficam estagnados, ou são trabalhados por uma massa interessada em desenvolver contra uma outra que aceita e procura cada vez mais ser apenas executora. A categoria já está dividida.

Este posicionamento, unido ao fato da definição frouxa da categoria, ( O que é design? Tudo hoje é design), dificulta o profissional na defesa de sua situação e faz com que ele venda um trabalho diversificado e subjetivo, para a compreensão do empresário. Até saber o que está comprando exatamente, somente com uma boa noção do que venha a ser design e de sua aplicação para comprá-lo com tranqüilidade.

Complementando a pesquisa de campo e com o objetivo de buscar uma convergência das informações apresentadas foi procurada, pelo pesquisador, a ADG (Associação dos Designers Gráficos) Brasil que indicou:

Bruno Porto – RJ. “Designer graduado pela Faculdade da Cidade (RJ) e pós-graduado em Gestão Empresarial/Marketing pela Universidade Candido Mendes, tendo estudado também na School ofArts, em Nova York.

Atua em diversas áreas do design gráfico e da ilustração, com trabalhos publicados nas principais revistas brasileiras de design e em livros da Print Magazine, Supon Books, Rockport Publisher, entre outros.

É autor do livro “Memórias Tipográficas das Laranjeiras, Flamengo, Largo do Machado, Catete e adjacências” (2003, 2AB Editora) e diversos artigos sobre design e ilustração, além de organizar e participar ativamente de palestras, exposições e congressos de design no Brasil e exterior. ” (transcrição do site:www.brunoporto.com)

Entrevistador: A proposta é apresentar as dificuldades do posicionamento dos profissionais e se isto é uma verdade. Em pesquisa é notório que muitos autores comentam o assunto, mas sempre muito superficialmente, mas praticamente em todas as bibliografias pesquisadas existem comentários (André Villas Boas — Própria ADG — Alexandre Wollner — Ana Luisa Escorel).

Bruno Porto: Realmente, academicamente não conheço um trabalho com esta direção, o que acontece é a apresentação de fragmentos da situação em diversas bibliografias e por diversos autores, teria que ser montado o “quebra-cabeça”

Conclusões do pesquisador:

Esta é uma oportunidade para organização das informações e fortalecimento da categoria design, uma vez que identificadas as fraquezas estas podem ser corrigidas.

Entrevistador: Como está a relação do design com o empresariado brasileiro? E vice-versa?

Bruno Porto: Existe um problema de comunicação muito grande dentro da nossa realidade, mas devem ser consideradas as diferentes realidades, por exemplo: há questões que incomodam o designer em São Paulo diferentes das que incomodam no interior da Bahia.

Até um determinado ponto existem empresas que entendem o que é design, como Nestlé e Ed. Abril que são fornecedoras de produtos/serviços, tem estrutura para design, se envolvem com o meio e fazem uso estratégico das ferramentas do design. Para o McDonalds, por exemplo, não seria possível uma loja sem um cardápio bem trabalhado, isso dentro da rede é compreendido e muito bem resolvido.

Agora, para um empresário que possui uma padaria com uma pequena estrutura, o design é um produto de luxo, e não alcança a visão. Ele pode usar um micreiro, ou o sobrinho que sabe “mexer” no computador e está resolvido. O que é design neste perfil?

De modo geral o design cria bem estar na sociedade, mas em determinados casos não é essencial, como existem pessoas que quando não se sentem bem vão ao médico, procuram até por um especialista, mas também existem aqueles que conversam com o farmacêutico e entendem que está bem assim.

Conclusões do pesquisador:

Dentro desse trabalho de pesquisa, esta questão confirma a problemática da comunicação, e apresenta as diferenças regionais. até então não consideradas.

Existe hoje um entendimento do que é design por um grupo que consome design, precisa dele, e pode se utilizar (tem recursos), mas por outro lado existe um grupo “ignorante” sobre o assunto , e para este grupo o design é dispensável.

Entrevistador: Pela sua experiência no exterior: Quais as diferenças em relação ao design fora do Brasil?

Bruno Porto: Em alguns locais dos EUA, Austrália, Europa, você tem um mercado mais organizado, existe uma conscientização maior que aqui, e também um design muito mais atuante em conseqüência disso. Mas as questões sobre design e relacionamento cliente x sociedade são levantadas no mundo todo, este assunto também é discutido lá fora, como citei no exemplo de São Paulo e interior da Bahia, isso vale para Brasil e exterior, outro exemplo: o segmento editorial no eixo Rio/São Paulo é muito bom para o design, fora é muito mais difícil, em alguns pontos do país creio que deve ser inexistente.

Conclusões do pesquisador:

A organização da categoria ajuda na atuação, a problemática em relação ao design são percebidas em todo o mundo, são pontuais e relativas a dificuldades locais, como acontece no Brasil também. Os diferenciais são: a organização e conscientização.

Entrevistador: No Brasil, como está sendo visto o design pelos empresários? Qual seria a visão ideal? E o futuro?

Bruno Porto: Esta questão começa nas universidades, o profissional quando sai da faculdade está sem diretriz, e ainda existem adversidades geográficas, políticas, sai com poucas noções do verdadeiro papel do design dentro do mercado, e quem irá comprar o design que ele oferece? Este é o cenário de início de carreira.

Com estes conflitos este profissional sai vendendo tudo, e é difícil um profissional que faça tudo, o mais prático é o especialista, e é este que sabe vender bem porque ele conhece bem o que está vendendo. O recém-formado não sabe onde inserir o design (dentro dos clássicos quatro P’s do Marketing), onde o design ganha muita força é no P de PROMOÇÃO, apesar de estar cada vez mais se inserindo no P de PRODUTO. Ainda falta a conscientização de onde vai atuar e quem compra serviços de design.

Quando o empresariado vê o design como parte integrante responsável pelo sucesso do empreendimento, o design é visto como necessário, já para outras visões é comum o termo: “não cabe no orçamento”. E não cabe mesmo. Design custa caro porque requer experiência, equipamento, estudo, tempo, livros, nota fiscal. Quebração de galho, como a que um micreiro oferece não precisa de nada disso. E muitas vezes é o que o cliente precisa, uma quebração de galho, uma aspirina comprada na farmácia, não uma consulta num neurologista.

A questão em si pode ser analisada com o exemplo dos publicitários que colocam o seu trabalho na rua, mostra a que veio, se faz ser visto e tem sua área de atuação; quando voltamos para o design encontramos já em primeiro plano uma banalização do termo design. O designer projeta sites, marcas, estampas, cadeiras, folhetos, outdoors, comunicação, fontes, PDV, fica a dúvida: FM TUDO. Essa ânsia confunde.

Existe aí uma dificuldade no termo, falta uma definição correta para assimilação do design, hoje com a velocidade de informações e a internet o suporte já não é mais o papel, o gráfico, e encontramos profissionais que vendem design gráfico mas fazem sites também, isso atrapalha a visão do empresário. Em 2000, em Sydney, um congresso do ICOGRADA definiu o uso do termo Designfor Visual Communication para substituir Graphic Design. Design (projeto) de Comunicação Visual.

Conclusões do pesquisador:

A universidade prepara o profissional para atuação operacional, dificultando a visão estratégica, o recém-formado tem interesse em atuar em qualquer campo relacionado a design, sendo assim, não se posiciona por ainda não estar preparado para isso.

Por outro lado o empresário busca um solucionador de problemas, o executor de suas idéias, sendo assim o papel estratégico passa a ser do contratante.

Agravando esta situação, existe a problemática da definição do design

Entrevistador: Pelos meus estudos, e como você mesmo já colocou, percebi que o profissional experiente se preocupa com o posicionamento do design no mercado, mas o jovem que sai da faculdade tem a “ilusão” de que o design é trabalhar com a criação (desenho), ainda dentro do conceito Mas o design é muito mais que isso, é estratégico, e de formação de opinião, é um trabalho que tem um ciclo completo, com uma visão holística de processos. Daí entendo que temos a gestão do design.

O design no mercado está promissor e amadurecendo, neste estágio a gestão do design é um embrião ainda.

Qual a sua opinião?

Bruno Porto: O campo do design está melhorando, e o publicitário começou a deixar espaço para isso, a tecnologia gerou uma movimentação. Há 20 anos o número de espaços para comunicação era muito limitado: jornais, poucas revistas, basicamente. Hoje está muito mais aberto, o público está segmentado na imensidão de ofertas e de veículos disponíveis.

As grandes marcas estão buscando estratégias de oferecer benefícios ao seu público, momentos com as marcas, sensações, como é o caso da Vibe-Zone promovido pela Coca-Cola, ou um Skol Beats, o produto promove emoções atingindo o país todo. A participação do design nestas ações é ativa e referencial. O mundo mudou. Estamos diante de soluções do futuro, a categoria precisa desta visão.

Quanto a gestão do design, concordo que ainda é um embrião, se for avaliado hoje um profissional de administração, ele tem que ser mais completo para ser competitivo, o mercado deles hoje também é outro, mas o designer passa disso, o designer de hoje será um gestor e tem que ser assim, isto significa a maturidade do mercado, e percebo que já está acontecendo, aqui no Rio de Janeiro temos encontrado muito: profissionais fazendo a gestão do design dentro das empresas, ainda estão procurando espaço, mas a visão empresarial tem melhorado.

Conclusões do pesquisador:

A categoria precisa acompanhar as constantes transformações do meio comunicação, encontrar os caminhos para o design e a partir do design bem situado a gestão do design passa a ser uma conseqüência deste posicionamento.

Entrevistador: Aproveitando, o que é a gestão do design? Na sua opinião.

Bruno Porto: Experiência acadêmica, formação atuante em comunicação, gestão da área de comunicação, estes pontos são importantes para a construção de um gestor do design, o profissional responsável pela organização do projeto com foco nas ações.

Dentro das instituições, hoje é muito positivo.

7. CONCLUSÕES

O gestor do design é o profissional capacitado a oferecer maior competitividade à empresa dentro do seu mercado de atuação. Com uma concorrência muito mais intensa, a abertura do mercado, a velocidade da informação entre outros pontos da situação atual do mercado de informática entre outros, uma competição saudável precisa de estratégias diferenciadas. Novidades como estudos freqüentes de embalagens, promoções que diferenciam um produto da concorrência, valores agregados e uma imagem de qualidade no mercado passaram a ser uma exigência do consumidor. Ouvir e atender seu público é fator para que a empresa mantenha um posicionamento competitivo no mercado.

A gestão do design acompanha este movimento, e ainda propõe melhoria nos processos produtivos, gerando lucratividade.

O Sebrae vem se movimentando e posicionando a gestão do design como uma das áreas prioritárias para micro e pequena empresas, indicando o design como ferramenta de competitividade no mercado nacional.

O relacionamento do design com o empresariado brasileiro se apresenta de maneira inconsistente, embora seu uso estratégico seja comprovadamente eficaz, se bem aplicado, em pesquisa recente realizada pelo Centro de Design Paraná aponta um conceito de “escada do design”, onde divide em níveis os posicionamentos das empresas, da seguinte forma:

  1. Nenhum uso do Design. Nas empresas que se encontram neste degrau, outras disciplinas acumulam a função de introduzirfuncionalidade ou estética ao desenvolvimento dos produtos ou serviços. A relação tem diversos
  2. Design como estilo. Nessas empresas o design é introduzido em um estágio já avançado do projeto, como num acabamento ou detalhe gráfico.
  3. Design como processo. Neste degrau o design é visto como método de trabalho. É integrado nos estágios iniciais do processo, combinando-se com a engenharia de produção, o marketing e outros setores da empresa.
  4. Design como estratégia. No degrau mais alto da escada, o design está incorporado na formulação da estratégia comercial da empresa. E, portanto, participa ativamente no fomento à inovação e no desenvolvimento de serviços e produtos.

A relação dos empresários com a visão nesta escada é que define e estabelece a relação com o design, uma vez o profissional posicionado em um degrau e o empresário em outro indica um desgaste por falta de alinhamento, uma vez a situação instalada a relação não se recupera por responsabilidade direta e indiretamente relacionadas a própria categoria design, a contribuição diante deste cenário são:

  • O despreparo, ou a visão não holística dos profissionais recém-formados;
  • Mercado que absorve e tem necessidade do profissional, mas limita sua atuação;
  • Visão comercial muito influente sobre a linha de conceitos (básica no meio design);
  • Domínio do espaço do design por profissionais de marketing e propaganda, já estabelecidos e bem posicionados;
  • Aventureiros na área do design sem qualificação profissional que prejudicam a imagem da profissão;
  • Termo “design” que não se define para a própria categoria e contribui confundindo o consumidor potencial para o design;
  • Visão distorcida do empresariado com relação a categoria, sem considerações no posicionamento como estratégico.

As grandes “batalhas” têm acontecido cada vez mais nos pontos de vendas, onde a contribuição do design define os “vencedores”. Existem inúmeros cases em todos os seguimentos do mercado onde o redesenho das embalagens alavancam vendas e reposicionam produtos, ampliando o destaque no PDV (ponto de venda); o estudo de uma marca e seu interesse (seus objetivos) definem a imagem que será apresentada, fora do PDV, mas não de menor importância a internet hoje é uma ferramenta que contribui com índices altos principalmente dentro do segmento informática, o design fortalece a relação usuário/máquina e facilita o uso, como consequência os empresários atingem seus objetivos e o consumidor decide seu interesse, neste processo o design é o eixo da relação.

Estes pontos entre os demais apresentados nesta monografia apontam um mercado promissor, mas carente de comunicação. A gestão do design, como função, começa a aparecer mesmo que ainda de forma tímida, sendo uma perspectiva de futuro aos profissionais da área.

 

BIBLIOGRAFIA

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AVALONE, Daniel Borchert. MONOGRAFIA: A dificuldade da aculturação em relação ao design no mercado brasileiro. Florianópolis: Faculdade Barddal de Artes Aplicadas, 2004.

DEDICATÓRIA DO AUTOR

Dedico esta trajetória, em primeiro lugar à minha mãe Durvalina(em memória), pelos ensinamentos e amor incondicional que me inspiram a trabalhar usando amor em tudo que faço, e também que a vida é um eterno aprendizado, basta ouvir com humildade e respeitar qualquer ser humano, independente da classe social, condição e situação. Minha mãe significa minha estrutura.

Então, ao futuro!

AGRADECIMENTOS:

Depois agradeço a TODOS os professores que me orientaram – e foram muitos – porque neles eu vivi e vivo o design, sendo que não encontrei um que não me motivasse nas criações e idéias inovadoras, mesmo quando aparentemente absurdas. Professores amigos com muito amor pelo design. Agradeço muito também aos que participaram desta pesquisa e aos meus amigos que pacientemente me ouvem falar sobre design mesmo quando a conversa está com outro foco.

A todos muito obrigado.

Autor

Ophir Ribeiro de Sá Junior

Ophir@ophir.net.br